segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O frio do Sol

Tanta luz!
Teu brilho me convenceu
Parece até que teu calor me aqueceu
Desprotegido chego a me queimar
Quer todos girando ao seu redor
Como se fosse o único a brilhar
Descobri que tem mais lugares que eu posso visitar
E as estrelas também brilham
E que só me aquece porque sou feito de água
E porque vivo neste mundo
Se assim não fosse, moraria numa estrela
Onde não pudesse me enganar
E fingir ter calor por mim
É o frio que te domina por dentro
Sintomas psicopáticos de alguém que finge ser
Sol

O que não aquece

O inverno tem cheiro
O cheiro tem memória
A memória tem saudade
A saudade tem infância
A infância tem rua
A rua tem calçada
A calçada tem giz
O giz tem dedos
Os dedos tem curvas
As curvas tem histórias
As histórias tem olhares
Os olhares tem cores
As cores tem calores
Os calores tem sangue
O sangue tem ar
O ar tem você
E você tem o inverno

terça-feira, 3 de abril de 2012

Sua voz em mim

Movimentos novos...
Mas já vi suas ondas antes
É bom perceber-te de novo em mim
Não imaginei te reecontrar
Conhecido, mas tão oculto
É você conseguiu
Fez-me voltar ao que nunca deixou de ser
Só estava escondido, ou talvez parado
Suas palavras agitam meu oceano
Quando ouço sua voz, parece ondas
Já vi essas ondas antes
Mas hoje é sua voz que as movimenta
Ah quando escuto...
Pensei que não voltaria a este mar
Quando conhecer suas mãos
Poderemos mergulhar juntos
Neste água tão deserta...
Sussurra... movimenta meu oceano
E vem!

Mudo, mas permaneço

Imaginei que seria diferente
Imagens que não se cumprem de fato
Ilusão que criei, em mim criou raizes
Mas prefiro o real que me fez cair
Despedaçou minha alma
Mas reconstruirei os pedaços
Pra isto me arrasto ao chão
Me sujo de pó, as pedras me ferem
Mãos trêmulas, coração sangrando
Há pedaços que se perderam, não acho
Que me fazem não ser mais o mesmo
Mas o que verdadeiro é, verdadeiro permanece
Este não foi atingido
A mesma força que me faz abaixar
As mesmas mãos trêmulas a procurar os pedaços
São elas que me impulsinam a se levantar
Com tantos pedaços, impossível voltar a ser o mesmo
Mas o inatingível, verdadeiro permanece
No pequeno brilho que enxerga no escuro que há em mim
E que reflete você...