terça-feira, 19 de julho de 2011

Poemar

Te vejo no jeito da onda no mar
Te vejo no feito do pequeno desenhar
Te vejo sem jeito no pobre a mendigar
Te vejo e rejeito quando não consigo amar
Te vejo refeito em quem não desistiu de lutar
Te vejo mal feito no que insiste em errar
Te vejo perfeito no imaginar
Te vejo no peito e te deixo entrar
Te vejo no leito e anelo consolar
Te vejo no estreito do meu caminhar
Te vejo e deleito ao te encontrar
Te vejo e me deito nesse meu poemar

sábado, 2 de julho de 2011

Pisado

Passos pisam ao chão
Marcam história onde eles passam
Levam pedaços, fragmentos de vida
Preenchem a linha do livro

Esquecendo dos meus trajetos, quis salvar os seus
Jogado ao chão, servindo de tapede
Para, quem sabe, limpar poeiras dos seus pés
Sujeiras onde eles passaram

Se ao menos estivesse descalço
Existiria mais sinceridade
Sentiria que está pisando em alguém

Pessoas não são tapetes
Levo as marcas das pisaduras
No corpo que não se vê

Se somente no corpo fossem
Quem sabe passaria com as próximas páginas escritas

Mas quando a poeira da estrada torna parte
E mistura-se com a sua
Fica difícil reconhecer qual é sua parte
E mais difícil reconhecer-se

Não nasci pra ser tapete
Mas ainda levo poeiras suas
Um dia elas ficarão na estrada que eu pisei
Ou quando tudo voltar ao pó